Comentários sobre empreendedores

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Ricardo Semler


Ricardo Frank Semler, nascido em 1959, é formado em Direito pela USP e estudou Administração em Harvard – faculdade esta que, curiosamente, só conseguiu ingressar após escrever uma carta criticando a instituição. Ademais, foi o fundador de escolas de ensino básico infantil, como a Lumiar, que adota técnicas inovadoras e democráticas. Atualmente, Ricardo Semler é diretor da FIESP e articulista do jornal Folha de S. Paulo e Sócio da Tarpon Investimentos em São Paulo, Brasil. Tem feito aparições na mídia em vários países, é palestrante em cursos de negócios e grupos que promovem a filosofia da "Democracia Industrial" e é professor visitante na Harvard Business School.

Semler é também o CEO (Chief Executive Officer) e o sócio majoritário da SEMCO S/A, organização bastante conhecida pela inserção de novos conceitos administrativos formados por esse empresário, como democracia industrial e reengenharia corporativa. A democracia industrial, como o próprio nome já diz, consiste em um sistema bastante democrático, pois inclui os trabalhadores nos processos de tomadas de decisões; e a reengenharia corporativa é uma reestruturação da empresa, com implementação de mudanças, novos valores, novos métodos de administrar.

Em 1980, o jovem empresário iniciou a carreira na empresa de seu pai, Semler & Company, que atuava no mercado de suprimentos para a construção naval, em São Paulo. Ajorrado nas idéias, entrou em conflito como o pai (Antônio Semler), uma vez que este defendia e mantinha uma estrutura autocrática tradicional na gestão dos negócios, enquanto Semler era a favor da descentralização e de uma gestão participativa.
Devido aos crescentes atritos com o pai, Ricardo ameaçou sair da empresa, entretanto, seu pai preferiu renunciar a liderança da SEMCO, permitindo, assim, que Semler assumisse a presidência aos 22 anos. Logo no seu primeiro dia de trabalho como presidente, ele demitiu 60% da alta-gerência; trabalhou em um projeto para diversificação da companhia; e procurou proporcionar mais qualidade de vida para si para os funcionários.

Com o Plano Collor, em 1989, houve elevadas restrições econômicas e, por conseqüência, a economia brasileira entrou em profunda recessão, fato este que forçou muitas empresas entrarem em processo de falência. No caso da SEMCO, os trabalhadores concordaram com a redução de 40% nos salários e passaram a ter o direito de aprovar cada despesa realizada pela empresa. A participação dos funcionários durante essa crise permitiu a todos elevar o conhecimento sobre as operações da empresa e fomentou uma série de sugestões que culminaram com grandes melhorias dos resultados e, conseqüentemente, elevação considerável da rentabilidade da empresa.
Com essas e outras medidas flexíveis - como o fim do controle, no qual permitiu que os funcionários escolhessem chefe e salário, e a descentralização das operações -, Semler, após mais de 25 anos assumindo a frente do negócio, viu a empresa crescer de 300 para 3.000 funcionários e o faturamento saltar de 4 milhões para 200 milhões de dólares.

Entretanto, Ricardo Semler sempre pensou que empresas democráticas deveriam ser precedidas por uma escola democrática, pois, segundo ele: “É preciso desprogramar as pessoas que vêm trabalhar nas empresas, que passaram a vida toda aprendendo a ficar quietas, a sentar, a levantar e a ir ao banheiro com permissão. São condicionadas a seguir instruções em vez de pensar livremente". Sendo assim, Semler inaugurou a escola Lumiar, em São Paulo, em que a idéia é criar um espaço no qual os alunos sejam protagonistas, escolhendo o que e quando estudar, guiados não por um currículo prefixado, mas pela curiosidade. "Se alguém fosse 'criogenizado' há 150 anos e acordasse numa empresa ou num hospital, numa casa ou no exército, pouco reconheceria. Apenas numa escola sentiria que tudo estava igual."


Na Lumiar a aprendizagem se dá de forma ativa, através da solução de problemas, em projetos desenvolvidos a partir dos interesses dos alunos. Além disso, a avaliação não se faz por testes, provas, exames, mas sim com base em observações, interações, diálogos com os múltiplos agentes envolvidos. Desse modo, percebe-se que o professor não é o professor como o conhecemos; não é guiado pelos conteúdos definidos em currículos. Ele deve saber montar sua aula em cima do presente, usando a curiosidade do aluno como sua principal matéria-prima.

Assim, percebe-se a genialidade de Ricardo Semler, questão esta que pode ser comprovada pelas inúmeras honrarias e títulos conquistados pelo empresário. A Revista TIME o apontou como um dos “100 Jovens Líderes Globais” em uma série de reportagens sobre executivos veiculadas durante o ano de 1994. O Fórum Econômico Mundial também o mencionou em trabalhos semelhantes, além do conceituado Wall Street Journal. No Brasil, recebeu o título de “Empresário do Ano no Brasil” em 1990 e em 1992. Um colegiado de especialistas, através da CIO Magazine, apontou a SEMCO como o caso de maior sucesso no mundo em reengenharia de companhias. Ricardo Semler escreveu livros que se tornaram Best Sellers no Brasil e exterior, dentre eles, Virando a Própria Mesa, seu primeiro livro, publicado em 1988, e Seven-days Weekend, publicado em 2003. 


Abs!

Isabela Lana



Embasado em: